Meu
maior defeito, nos tranquilos dias da infância, consistia em desanimar com
demasiada facilidade quando uma tarefa qualquer me parecia difícil. Eu podia
ser tudo, menos um menino persistente.
Foi
quando, numa noite, meu pai entregou-me uma tabuazinha de pequena espessura e
um canivete, e me pediu que, com este, riscasse uma linha a toda largura da
tábua. Obedecí a suas instruções, e, em seguida, tábua e canivete foram
trancados na escrivaninha de papai.
A
mesma coisa foi repetida todas as noites seguintes; ao fim de uma semana eu não
agüentava mais de curiosidade.
A
história continuava. Toda noite eu tinha que riscar com o canivete, uma vez,
pelo sulco que se aprofundava.
Chegou
afinal um dia em que não havia mais mais sulco. Meu último e leve esforço
cortara a tábua em duas. Papai olhou longamente para mim, e depois disse:
- Você
nunca acreditaria que isto fosse possível, com tão pouco esforço, não é
verdade? Pois o êxito ou fracasso de sua vida não depende tanto de quanta força
você põe numa tentativa, mas da persistência no que faz.
Foi
essa uma lição-de-coisas impossivel de esquecer, e que mesmo um garoto de dez
anos podia aproveitar.
Relato
de: N. Semonoff - Londres
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