A vida, você a viu?
Era
uma vez, uma família simples;
Que
morava na favela,
Como
toda gente humilde;
Tinha
a mãe, o filho e a filha,
Já o
pai um mês atrás tinha morrido,
Assassinado
por uma quadrilha;
O
filho, coitado, era muito pequeno,
Não
sabia o que se passava com o pai naquele tempo;
Todo dia ele ficava esperando,
E a
mãe desesperada, falava: Meu filho, ele está viajando.
- Viajando para um lugar melhor, onde não há
sofrimento,
- Se
juntou com sua vó.
E a
menina já era muito esperta,
Só
falava em estudar,
Para
se tornar uma médica.
E a
mãe perguntava: meu filho o que você quer ser?
O
que você vai fazer, quando você crescer?
O
menino que todo dia, 13h00min, saia para jogar no sol;
Foi
enfático na resposta: Jogador de futebol!
E
por falar em futebol eu fique até com fome;
Falou
baixinho, a filha;
Que
não comia desde ontem;
Na
mesa tinha um pedaço de pane tone,
Que
sobrou do natal;
Que
o pai tinha comprado,
Com
o trabalho suado;
Juntando
real por real.
A
menina, curiosa, sempre querendo saber,
Perguntava
para a mãe o que via na TV;
-
Mãe o que é uma vida boa,
- isso serve pra que?
-
Ora minha filha, uma vida boa é a que nós não temos
- ninguém que você vê na
televisão, viveu o que nós vivemos.
Mas
a menina insiste em indagar;
-
Mas como assim? Não tem como explicar?
-
Minha filha amada, ta na hora de ir dormir
- mas eu vou explicar que é pra você
refletir.
- A
vida boa é uma vida nobre;
-
sem fome, nem desigualdade.
-
Morar numa casa enorme? (Pergunta a filha).
-
Também é bom, mas no nosso caso não ia ter muito a ver,
- Já
pensou numa casa grande,
- a
gente se perder?
Há há! A filha da uma gargalhada.
-
Isso também faz parte de uma vida “arrumada” (afirma a mãe).
- O
que, o sorriso?
-
Sim! Você não imagina o valor que tem isso;
- As
pessoas ricas riem até sem motivos. (completa a mãe).
- E
o sofrimento? (pergunta a filha)
- De
sofrimento, minha filha, isso sim eu explico,
- eu
não criei vocês com salário de político.
- Vá
filha, seu irmão já está dormindo,
-
Deixa que eu te levo para cama.
- só
é feliz quem é rico? (pergunta a filha).
-
Não minha filha, também é feliz quem ama!
-
Assim como eu, não tenho a vida que sonhei,
-
mas sou feliz, porque tenho vocês;
-
não troco vocês por ninguém,
-
todo meu esforço vai ser premiado,
-
porque um dia vocês vão ser alguém.
-
Nossa mãe! Você está chorando?
-
Sim minha filha, eu rezo para o que eu passei na vida,
-
Vocês nunca há de passar;
- Só
vou pedir que estude,
-
Para um dia se formar.
-
Pronto, agora durma,
- e
peça a Deus que amanhã seja um dia diferente;
Já
com os olhos fechados a filha faz a ultima pergunta inocente:
-
Mãe, Então a gente não tem vida?
-
Sim, a que Deus proporcionou para a gente.
Ruan
Felipe
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