"Hoje,
só hoje, me lembrei de você. Há muito que sua presença não passeava pela minha
memória. Calma, deixe de ser afoito. Não é saudade. É só uma vaga lembrança
mesmo. E o engraçado é que, diferente das outras vezes, não lembrei o que a
gente teve de ruim. Só me vinheram a cabeça os momentos bons. Recordei nosso
primeiro beijo, nossas infindáveis discussões passivas a respeito das nossas
ideologias totalmente opostas; sobre o modo como você mexia em meu cabelo e me
fazia sentir uma vontade incontrolável de dormir nos teus braços, da forma como
você me olhava e da admiração que demonstrava ter por mim.
É,
você foi bom. Me tocou lá no fundo e apesar de todas as tempestades que
provocou no meu ser, fez eu me descobrir. Você, mesmo com todos os seus
defeitos e dificuldades para comigo fez eu me amar, me querer bem.
É
bem verdade que cavou poços fundos dos quais eu nunca fui capaz e me recuperar.
Ah, mas deixa para lá. O tempo passou e junto com ele tudo aquilo que me doía
foi embora também. Eu não queria te largar de jeito nenhum, queria você para
sempre; de qualquer jeito, com ou sem reciprocidade. No entanto, você foi
embora de mim sem eu me dar conta. Quando vi já era só minha e de mais ninguém.
Nenhuma lágrima tocou novamente o fundo da minha memória. É, não é saudade.
"
Gabriela Furtado
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